Primeiramente, entenda que fogo no carvão em unidades de produção de carvão vegetal é algo muito mais comum do que se imagina. Quase sempre o problema do fogo em fornos de carvão está relacionado com problemas no processo do resfriamento de carvão vegetal.
Antes de mais nada, lhe convido a ler os outros artigos sobre resfriamento de carvão vegetal, que irão ajudar no seu aprendizado.
- As 03 chaves do resfriamento de carvão vegetal
- Resfriamento de Carvão Vegetal na Prática
- Fogo no Carvão: 04 Principais Causas (VOCÊ ESTÁ nesse)
- Resfriamento de um forno de carvão: 07 dicas infalíveis
Inicialmente, o primeiro artigo explana sobre os 03 conceitos que aprendemos na disciplina FÍSICA, na nossa formação escolar básica, e que é relevante quando aplicamos na produção de carvão vegetal. Você irá aprender sobre o processo físico denominado condução, em seguida o fenômeno físico convecção e por fim o fenômeno físico irradiação.
Na sequencia, o segundo artigo explica que o resfriamento de carvão vegetal (que acontece nos fornos tradicionais de produção de carvão), consiste no simples processo de troca de calor do ambiente com o forno e do forno com o carvão vegetal.
Por fim, explore a ultima parte desta serie de artigos para aprender dicas infalíveis sobre o tema resfriamento de carvão vegetal
Pronto para começar a jornada?!
Temperatura de ignição do carvão e sua influência nos focos de fogo no carvão
Logo, você de estar se perguntando: “Em que temperatura o carvão vegetal entra em combustão espontânea?”
Inicialmente, queremos destacar que é muito mais difícil colocar fogo no carvão do que na madeira e isso acontece por um motivo: Temperatura de ignição!
A princípio, isto acontece porque a temperatura de ignição do carvão é de aproximadamente 470º Celsius. Isso mesmo!
Portanto, é necessário elevar a temperatura do carvão 470º Celsius para que ele entre em combustão. Além disso, é requerido um tempo considerável de aquecimento da matéria-prima a esta elevada temperatura para que o carvão se inflame e sustente a reação de combustão.
Entretanto, a madeira por outro lado, se inflama a temperaturas bem menores. Sendo assim, torna-se mais fácil iniciar a combustão na madeira ao invés do carvão vegetal.
Carvão é difícil de acender e difícil de se apagar.
Sendo assim, quando uma pequena porção de carvão entra em combustão, ocorre a transferência de calor por reação para toda a massa. Logo, vale destacar, que o fogo se propaga de forma rápida no carvão, porém apagá-lo pode ser um desafio, uma vez que a inércia térmica inicial foi alcançada.
Lembre-se, como aprendemos em artigos anteriores, há regiões no forno que alcançam temperaturas acima de 800º Celsius. Sendo assim, materiais altamente aquecidos, se em contato com ar atmosférico, podem se inflamar de forma instantânea.
Temperatura de ignição da madeira e sua relação com o fogo no carvão
Qual é a temperatura real em que madeira entra em combustão?
De antemão, a temperatura de ignição da madeira é de apenas 230-240º Celsius. Teoricamente a madeira entraria em combustão espontânea bem mais fácil do que o carvão vegetal.
Finos de carvão e sua influencia nos focos de fogo no carvão
Porque finos de carvão geram focos de incêndio em fornos de carvão?
Analogamente, pequenos gravetos se inflamam com maior facilidade do que toras de madeira, devido sua elevada superfície específica.
Vale destacar que material fragmentado com elevada superfície específica é um grande causador de focos de fogo dentro de um forno. No caso do carvão vegetal seriam os finos de carvão que surgem no processo de carbonização.
Umidade da madeira e zonas aquecidas dos fornos
Todavia, se você leu o artigo sobre secagem de madeira natural e secagem de madeira ao ar livre sabe que o principal causador de finos no carvão vegetal é a umidade da madeira. Então, pode-se afirmar que existe uma grande relação entre umidade da madeira, geração de finos de carvão, e percentual de incêndios ou focos de fogo em fornos de carvão.
As zonas super aquecidas dos fornos acabam gerando maior percentual de material fragmentado, geralmente na forma de finos de carvão. Estes finos se inflamam muito facilmente por possuírem elevada superfície específica e estarem em zonas que foram submetidas a altas temperaturas. Em síntese, basta um pouco de ar atmosférico em uma massa quente e leve para iniciar o processo de inflamação neste material e assim propagar um incêndio.
Casca de madeira e fogo no carvão
Porque a casca e resíduos de colheita geram focos de incêndio em um forno de carvão?
Primordialmente, os finos estão sempre presentes em qualquer carga de carvão produzida. O carvão é uma material friável que facilmente desprende finos ou pó.
Entretanto, a quantidade de finos gerada é amplamente aumentada quando:
1 – Existem muitas zonas super aquecidas no forno de carvão.
2 – Vem resíduos com a madeira quando a mesma é enfornada .
Os resíduos de madeira que vem junto com a madeira podem estar:
- Na forma de casca, em madeiras não descascadas ou que não perderam a casca durante a secagem natural da madeira;
- Em forma de contaminação junto a resíduos como folhas, gravetos, ponteiras e outros materiais vegetais.
Em suma, os finos tendem a se deslocar por gravidade para o piso do forno onde localizam-se os tiços, que se inflamam a uma temperatura mais baixa que o carvão.
Lembre-se que tiço é uma madeira que tem baixa temperatura de ignição em relação ao carvão. Logo, no piso do forno, focos de fogo surgirão.
Fogo no carvão na sua superfície
Também podemos ter grande frequência de focos de fogo na camada superior da carga de carvão. A região superior do forno (ou da massa de carvão no forno) sempre alcança temperaturas mais elevadas que a região inferior. Então, obviamente, regiões mais quentes tendem a ter mais focos de fogo.
Caso os resíduos não desçam por gravidade para as regiões mais baixas será comum ver focos de incêndio na parte superior da carga de carvão.
Existindo material fragmentado (finos) na camada superior em contato direto com o vazio superior do forno (composto de gases ou ar atmosférico) existe uma grande possibilidade de inflamação da carga de carvão.
Esta condição de inflamação da parte superior da carga de carvão é perceptível em eucaliptos com alto teor de casca como a espécie Eucaliptus cloeziana, em que focos de fogo aparecem na parte superior do forno e sempre se iniciam na casca.
O triângulo do fogo
Portanto, destacamos que o carvão quando é devidamente resfriado beneficia não só o produtor mas também o cliente, que recebe um produto de qualidade superior.
Atualmente, o resfriamento forçado ou artificial de carvão vem sendo muito estudado e testado nos mais diferentes fornos de carvão vegetal. Entretanto, o resfriamento forçado de carvão é uma técnica que ainda está engatinhando no Brasil.
Também vem sendo estudadas e testadas técnicas construtivas e materiais alternativos para refrigeração mais rápida de fornos e do seu carvão.
Portanto, se você se interessa por este tema, que é o resfriamento de carvão, lhe convido a ler todos artigos da série abaixo citados :
- As 03 chaves do resfriamento de carvão vegetal
- Resfriamento de Carvão Vegetal na Prática
- Fogo no Carvão: 04 Principais Causas
- Resfriamento de um forno de carvão: 07 dicas infalíveis
Autor
Daniel Camara Barcellos, é especialista em CARVÃO VEGETAL e vem estudando e desenvolvendo formas de AJUDAR PESSOAS E EMPRESAS, através do seu conhecimento especializado, a projetarem, operarem e melhorarem unidades de carvão vegetal.
Tem formação acadêmica em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa , além de Especialização, Mestrado e Doutorado no tema em questão.
NOS ÚLTIMOS 20 ANOS, em mais de uma centenas de projetos, já ajudou inúmeras empresas e pessoas no Brasil e exterio .
A partir dos RESULTADOS COMPROVADOS, em especial de suas unidades ecológicas de produção de carvão vegetal projetadas, tem como perspectiva , mudar a péssima imagem da produção de carvão vegetal e ajudar seus clientes e parceiros a ganharem dinheiro de forma sustentável.
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