Os fornos de carvão em alvenaria apresentam vantagens que tornam este tipo de forno, o líder em produção nacional de carvão vegetal.
De antemão, existem projetos de fornos de alvenaria de todas as dimensões e formas possíveis. Dada as propriedades físicas dos tijolos de alvenaria, este acaba por ser o elemento mais comum, mais barato e mais eficiente, até hoje, para se confeccionar fornos de produção de carvão vegetal.
Todavia, dentre exemplos de fornos de carvão em alvenaria podemos citar o forno caipira de carvão vegetal, um forno em tijolo cerâmico, circular, geralmente em parede de meio tijolo (espessura de 10 cm) que produz poucos metros de carvão. Este forno produz 3 MDC (metros de carvão) ou menos por ciclo produtivo. Um modelo de fornos de carvão vegetal muito utilizado por pequenos produtores de carvão vegetal.
Um outro exemplo contrastante em forno de carvão em alvenaria é o famoso forno de carvão em alvenaria ou RAC700. Em suma, trata-se de um forno retangular de largas dimensões, geralmente em parede de um tijolo (espessura de 20 cm), estruturado externamente em concreto que tem a capacidade de carga de madeira de mais de uma dezena de caminhões. Um forno deste produz 100 vezes mais por ciclo do que o pequenino forno caipira de carvão vegetal. Uma fornada pode chegar a marca de 400 MDC ou 100 toneladas por batelada.
Então, o forno de carvão vegetal possui inúmeras vantagens que apresentaremos neste artigo. Entretanto, apresenta algumas desvantagens também, e você pode consultá-las no artigo “As 06 Desvantagens dos Fornos de Carvão de Alvenaria“.
Outro artigo que recomendamos a leitura é “Os tipos de fornos de carvão” em que você conhecerá algumas classificações importantes de fornos de carvão vegetal.
Fechando esta série de artigos sugerimos que você leia o artigo “Forno de Carvão de Terra”. Conheça como funciona esta tecnologia, que apesar de rudimentar funciona com um investimento financeiro muito baixo, menor inclusive que o forno de alvenaria.
Forno de carvão em alvenaria e sua escala produtiva
SIM! O conceito de carbonização é universal. O jeito de fazer carvão em pequenos fornos de carbonização é o mesmo jeito de se fazer carvão em grandes fornos. Entretanto, existem cuidados e técnicas que precisam ser entendidos e aplicados para cada modelo e para cada tamanho de forno.
Em primeiro lugar, lembre-se que a carbonização consiste em aquecer a carga de biomassa ou madeira com deficiência de ar (oxigênio). O princípio de se fazer o carvão em um forno de grandes dimensões é o mesmo princípio ao se fazer carvão um forno de pequena dimensões. Porém, nos fornos grandes, é necessário setorizar a condução da carbonização no equipamento para obter melhores resultados.
As 06 Vantagens de um forno de carvão em alvenaria
As principais vantagens dos fornos de carvão em alvenaria de produção de carvão vegetal são:
- Facilidade de vedação das entradas de ar (feitas com a própria argila);
- Fácil controle da manobra de carbonização. Com poucos recursos facilmente se atua no controle de um forno de carvão de alvenaria;
- Baixo custo. Este é principal elemento que o tornou amplamente difundido no Brasil. Um forno de carvão de alvenaria tem relativamente baixo investimento inicial e boa durabilidade;
- Fácil construção. Não é necessário nenhum projeto de engenharia complexo, eles seguem padrões de construções óbvios e simples (a exceção dos grandes fornos de carvão).
- A possibilidade de deslocamento da praça produtiva a baixo custo (dos pequenos fornos) acompanhando a exploração florestal;
- Fácil manutenção. Os fornos de alvenaria precisam basicamente de tijolos e argila e um pouco de técnica e bom senso para recuperação/manutenção.
Vantagem 01 – Fácil vedação das entradas de ar
Os fornos de carvão em alvenaria conseguem ser facilmente vedados utilizando-se argila, que é um material de baixo custo e fácil aquisição.
As partes móveis dos fornos, como controladores de ar (tatus ou câmaras), portas e chaminés podem ser facilmente vedadas com argila. Entretanto, essa argila exige um acompanhamento constante dos operadores e certa manutenção ao longo de todo o processo; fácil de realizar, porém necessita de monitoramento contínuo.
Caso o forno apresente alguma rachadura, a vedação com argila poderá ser facilmente usada durante a operação (seja carbonização e/ou resfriamento) ou entre operações durante uma manutenção preventiva ou corretiva dos fornos.
Vale destacar que os fornos de carvão precisam estar vedados do meio externo durante os processos de carbonização da madeira e o resfriamento do carvão para ter um bom desempenho. A vedação com argila permite assim, um bom isolamento do meio interno (do forno) com o meio externo (ambiente).
Na carbonização, se o forno apresentar rachaduras, haverão entradas de ar, que não estarão sob o controle do carbonizador e irão prejudicar o processo de conversão de madeira em carvão.
No resfriamento, havendo rachaduras em partes dos fornos, o ar irá promover a combustão espontânea do carvão naquela região da rachadura, aquecendo a carga retardando o processo de resfriamento do forno. Assim, a argila poderia ser usada para garantir a vedação das rachaduras e do forno.
Em suma, o fato de o forno ser construído com tijolos cerâmicos, unidos por argila, o torna muito atraente para garantir a estanqueidade do forno de carvão, garantindo bons resultados nas fases de carbonização e resfriamento do forno.
Vantagem 02 – Fácil Controle da Carbonização
Com poucos recursos facilmente se atua no controle de um forno de carvão de alvenaria.
O controle da condução da carbonização de um forno de carvão de alvenaria pode ser feito basicamente com tijolos, pedaços de tijolos e argila. Tecnicamente, não é o mais recomendado a se fazer pois trata-se de um controle grosseiro de processo, pouco refinado, porém um controle que funciona.
Entretanto este controle pode ser melhorado utilizando a técnica otimizada de carbonização da fórmula da carvoaria perfeita que você consultar clicando aqui.
Outra vantagem é que os controladores de ar (tatus ou câmaras) podem ser acrescentados ou fechados facilmente no projeto original do forno. Com uma marreta e uma colher de pedreiro podem ser feitas modificações rápidas nas posições dos controladores de ar do forno, colocando-os em locais mais propícios, se assim for necessário.
Vantagem 03 – Baixo Investimento
O investimento em fornos construídos com tijolos é geralmente baixo. O único tipo de forno que possui um custo inferior ao forno de alvenaria é o forno de terra. Entretanto o forno de terra é uma tecnologia muito rudimentar que apresenta problemas de conversão (madeira em carvão) e de operacionalidade.
Um forno caipira de alvenaria é construído basicamente com tijolos, argila e água. Nada mais! E funciona!
Analogamente, fornos de alvenaria de maiores dimensões como os fornos retangulares acabam tendo outros materiais construtivos (concreto, o aço, etc) que elevam o valor de investimento do forno. No entanto, como o material construtivo predominante continua sendo o tijolo e a argila, ainda assim acabam por ter valores financeiros baixos quando comparados com outras tecnologias mais “refinadas”.
Então, se você quer investir pouco na produção de carvão você com certeza irá analisar a possibilidade de se ter um forno de carvão em alvenaria.
Vantagem 04 – Fácil Construção
Primordialmente, os fornos de carvão em alvenaria são fáceis de serem construídos. Geralmente os fornos em alvenaria tem formatos simples, sendo que, possuem formas circulares ou formas retangulares.
Os fornos circulares, pelas dimensões menores e forma arredondada, tendem a ser autoportantes, dispensando uso de estruturas para sustentar o forno. Um ponto de destaque são as copas esféricas destes fornos que reforçam o conceito de auto portabilidade.
Com poucas orientações, um bom pedreiro consegue construir rapidamente um forno circular.
Em suma, estes fornos praticamente não precisam de estruturas para se manterem firmes. O elemento estrutural mais comum nos fornos circulares sãos as cintas metálicas que são colocadas entre a parede do forno e a copa esférica do mesmo. Estas fitas metálicas são tracionadas e impedem que o forno se abra.
Enfim, os fornos retangulares também são projetos simples. Entretanto, precisam de um projeto estrutural externo para mantê-lo firme. As estruturas externas destes fornos geralmente são construídas em materiais metálicos ou em concreto. Acabam tendo fundação, pilares e vigas que conferem estabilidade ao forno.
Comparados com os fornos circulares, os fornos retangulares são mais complexos, mas ainda assim são fornos de fácil execução construtiva.
Os fornos retangulares surgiram a partir da demanda da mecanização da carga de madeira e descarga de carvão em fornos de carvão vegetal.
Vantagem 05 – Fácil Reaproveitamento e Reconstrução
Primeiramente, como os fornos são feitos de tijolos com argila, basta desmanchar o forno e levar os tijolos para outro local onde possa ser reconstruído.
Desconstruir um forno não é complicado, uma vez que os tijolos são unidos por argamassa de argila de baixa resistência.
Dessa forma o custo de transporte de madeira pode ser diminuído ao levar os fornos para próximo da madeira.
Na prática, estima-se que cada caminhão de carvão produzido transportado provenha de três caminhões de madeira. Logo, ter fornos de carvão próximos da floresta pode ser uma ótima estratégia financeira para se produzir carvão vegetal.
Assim, desmanchar os fornos e reconstruí-los acaba por ser uma estratégia adotada por muitos produtores de carvão a medida que a madeira vai ficando distante dos fornos, o que torna estes fornos também interessantes
Vantagem 06 – Fácil Manutenção
Como o forno é construído basicamente de tijolos e argila, a manutenção dos fornos acaba sendo também com tijolos e argilas.
Com um carrinho de mão, um balde e uma pá o operador pode ir fazendo manutenções no forno antes, durante e após o processo de carbonização. Então, não é preciso nenhum treinamento técnico específico para realizar este tipo de manutenção.
O forno está sempre aquecendo e resfriando. Ao aquecer ele dilata e ao resfriar ele contrai e isso pode provocar algumas rachaduras no equipamento. Algumas rachaduras no forno surgem a partir de contato físico de partes do forno com a madeira, carvão e/ou máquinas (para fornos que permitem mecanização de carga e/ou descarga). Sendo assim um tipo de manutenção é vedar as rachaduras que surgem no forno com argila.
Um outro tipo de manutenção é a remoção do reboco de argila antigo do forno, onde deve-se reaplicar um novo reboco quando o mesmo não for mais adequado.
Analogamente, outro tipo de manutenção é substituir tijolos e partes dos fornos que se deterioraram com uso por excesso de calor. Geralmente essas partes são as entradas de ar, frestas das portas do forno e a chaminé do forno.
Quase sempre a manutenção seja preventiva ou corretiva é feita por diagnóstico visual. Enfim, são manutenções simples, fáceis de realizar, que não exigem conhecimento técnico especializado.
Portanto, se você se interessa por este tema, lhe convido a ler outros artigos da série abaixo citados :
- Tipos de Fornos de Carvão Vegetal
- As 06 Desvantagens dos Fornos de Carvão de Alvenaria
- O Forno de Carvão de Terra
Autor
Daniel Camara Barcellos, é especialista em CARVÃO VEGETAL e vem estudando e desenvolvendo formas de AJUDAR PESSOAS E EMPRESAS, através do seu conhecimento especializado, a projetarem, operarem e melhorarem unidades de carvão vegetal.
Tem formação acadêmica em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa, além de Especialização, Mestrado e Doutorado no tema em questão.
NOS ÚLTIMOS 20 ANOS, em mais de uma centenas de projetos, já ajudou inúmeras empresas e pessoas no Brasil e exterior.
A partir dos RESULTADOS COMPROVADOS, em especial de suas unidades ecológicas de produção de carvão vegetal projetadas, tem como perspectiva , mudar a péssima imagem da produção de carvão vegetal e ajudar seus clientes e parceiros a ganharem dinheiro de forma sustentável.
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