Primordialmente, a tecnologia de carvão mais tradicional no Brasil é forno de carvão tipo rabo quente. É a tecnologia mais difundida, quando falamos em produção de carvão, dada sua simplicidade construtiva e baixo custo. Os pequenos produtores usam amplamente este sistema de carbonização de madeira.
Em suma, o forno de carvão tipo rabo quente é recomendado para locais planos e geralmente é construído em baterias ou conjunto de fornos, utilizando-se apenas tijolos de barro cozido, argamassa de barro e areia. Nesse sentido, a argamassa utilizada é uma mistura de argila, areia e água em quantidades que produzam um barro fácil de trabalhar. Por fim, acrescentam-se aditivos nobres como açúcar ou silicato de sódio com objetivo de dar liga e expansividade ao forno, ocasionado pelos ciclos de aquecimento e resfriamento.
Aprenda mais sobre fornos de carvão
Acrescente-se que, este forno funciona com um investimento relativamente baixo, dada sua baixa complexidade e elementos construtivos acessíveis.
Ademais, se você quiser conhecer outros tipos de fornos recomendamos a leitura do artigo Forno de Carvão de Superfície Sem Câmara, a uma evolução do forno de carvão tipo rabo quente.
Sabia que alguns fornos possuem uma câmara externa para conduzir o processo de carbonização?! Todavia, você pode aprender mais no artigo Forno de Carvão Circular (Superfície Com câmara).
No entanto, há ainda uma adaptação do forno rabo quente, muito utilizada em regiões “montanhosas”; descubra mais no artigo o Forno de Carvão de Encosta.
Desvantagens do forno de carvão tipo rabo quente
As principais desvantagens de um forno de carvão tipo rabo quente são:
- Quando não bem administrada, a carbonização produz baixo rendimento gravimétrico;
- Ter inúmeros controles de ar e saídas de fumaça, isso contamina todo o ambiente e dificulta as operações na praça produtiva;
- Ter um controle empírico da carbonização através de fatores subjetivos, como a fumaça e o calor da parede de alvenaria sentidos através do tato do carbonizador.
Vantagens do forno de carvão rabo quente
As principais vantagens de um forno de carvão tipo rabo quente podem ser assim enumeradas:
- Baixo custo de implantação, tanto de materiais quanto de mão de obra;
- Baixo custo de manutenção, uma vez que os próprios materiais e a equipe produtiva fazem a manutenção;
- Acompanhamento da floresta, pode ser desmanchado e levado para mais próximo da matéria prima, com um custo relativamente baixo;
- Facilidade de encontrar mão de obra para operação destes fornos.
Como é produzido carvão vegetal no forno tipo rabo quente
A operação de um forno de carvão tipo rabo quente compreende basicamente:
- Carregamento, isto é, a colocação da lenha em seu interior que acontece de forma manual;
- A carbonização, que seria o controle do processo de transformação da madeira em carvão;
- O resfriamento do forno com uma técnica denominada barrelamento;
- A descarga do carvão produzido.
Como se produz o carvão vegetal no forno de carvão tipo rabo quente
Após o carregamento do forno, procede-se ao fechamento da porta, e ignição do equipamento. Então, a ignição do forno de carvão é feita ateando-se fogo na abertura da parte superior (ou inferior) da porta, em materiais que se inflamam com facilidade, tais como, cascas, gravetos e madeira semicarbonizada.
No início do processo a fumaça é expelida pela própria abertura de acendimento e é de cor esbranquiçada. Então, quando a fumaça torna-se escura e é verificada a existência de fogo e aquecimento suficiente, é sinal de que a combustão esta sucedendo, e neste momento pode-se completar o fechamento da porta com tijolos e argila.
Selada a porta, a fumaça começará a sair pelos orifícios popularmente chamados de baianas.
No início, a fumaça da carbonização é esbranquiçada, tornando-se azulada com o tempo. Quando a fumaça torna-se de cor azulada significa que a carbonização, ou frente de carbonização, já atingiu aquele ponto e aquele órfico ou baiana deve ser selado. A cor azul indica que aquela região já foi convertida em carvão.
A organicidade da condução da carbonização
Como a frente de carbonização não atinge todas os orifícios (baianas) no mesmo tempo, eles serão selados em momentos diferentes. É um processo orgânico e muito dinâmico em que o carbonizador é o grande responsável pelo sucesso.
Após o termino da carbonização o forno geralmente resfria por 2-3 dias, utilizando-se a técnica do barrelamento. Por fim, abre-se o equipamento, mas apenas quando este já estiver frio, com temperaturas abaixo de 50º Celsius.
O ciclo médio de produção de um forno de carvão tipo rabo quente é de 7 dias sendo:
- 3 dias de carbonização;
- 3 dias de resfriamento;
- 1 dia de descarga e carga.
Destaque: Um forno deste é praticamente impossível de implementar um sistema de controle de poluição (Queimador de fumaça).
Portanto, se você se interessa por este tema, lhe convido a ler outros artigos da série abaixo citados :
- 1 – Forno de Carvão de Superfície Sem Câmara
- 2 – Forno de Carvão Circular (Superfície Com câmara)
- 3 – Forno de Carvão de Encosta
Autor
Daniel Camara Barcellos, é especialista em CARVÃO VEGETAL e vem estudando e desenvolvendo formas de AJUDAR PESSOAS E EMPRESAS, através do seu conhecimento especializado, a projetarem, operarem e melhorarem unidades de carvão vegetal.
Também, tem formação acadêmica em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa, além de Especialização, Mestrado e Doutorado no tema em questão.
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